21 de outubro de 2009

She never sleeps

Manhattan

Quando estive lá pela primeira vez, tomei conhecimento imediato do que tanto falavam. Não por querer conhecer um lugar que, infelizmente, tornou-se clichê, mas  uma contradição me impulsionava a ir ver com os meus próprios olhos toda essa clichezada e confesso…me rendi! A que?
Ao brilho iminente nas ruas, calçadas, passeios, pontos turísticos, letreiros, àquele brilho quando anoitece clareando todas as esquinas e ao brilho do dia também, do movimento, mas em especial ao brilho no olhar das pessoas, um brilho tão peculiar e ofuscante que chega a parecer que estão sonhando acordadas, entendi na hora, pois aquele brilho também me pertencia. Me rendi, então, à tal sensação de sonhar acordado, de viver e ver tudo com os olhos bem arregalados de surpresa e fascínio por cada novo detalhe que surgia ao meu caminhar e, de repente, me dei conta de que não era uma apenas uma sensação, eu estava, de fato, sonhando acordada. Pude entender o que significa um sonho de olhos abertos, uma percepção diferente do que se está vivendo, como se você não estivesse ali de corpo, algo que só a sua alma compreende, me belisquei e continuei a andar. Aliás, andar, andar, andar foi o que eu mais fiz e o que aconselho a qualquer outro turista bem disposto a fazer.  Há vida, cheiro, cores, línguas diferentes, personagens distintos, há de tudo e para todos. Há um estilo cosmopolita que invade sem pedir licença, ele chega e fica, estira suas pernas, pede um drink e convida todos a sua volta a degustá-lo, sujeito bacana esse cosmopolita. É uma mistura para matar a sede, mistura de gente, significados, gostos e trejeitos, bares e lugares, quem sabe o que quer, encontra e se não sabe, é fisgado por aquilo que virá a saber, em cima do muro ninguém fica. Me rendi, me rendi à loucura e nela me encontrei tão submissa que não queria mais respostas, apenas viver todos os segundos, aos quais implorava que não fossem breves, e sim que passassem devagar. Mas os segundos passaram tão rápido que deles só me lembro dos vultos, tentei me agarrar aos minutos que caminhavam com pressa, a mesma pressa daqueles que caminhavam pelas estações de metrô e avenidas. Pedi aos minutos que me esperassem, mas os perdia de vista cada vez mais, eles se foram e com eles também as horas e os dias, diziam a mim que nada podia parar, que a mudança era estado e condição inerente àquela onda que me envolvia e o meu dever, e também direito, era tirar o que tinha de proveito. Pois bem, arquivei as lembranças destes momentos e guardei-as em um lugar na memória de onde teriam coragem de sair. Estão todas lá, basta fechar os olhos e voltar a sonhar…

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