2 de julho de 2013

27 Lições que aprendi em São Paulo

Em homenagem ao meu aniversário de 27 anos (não sei porque estou achando essa idade cabalística, deve ser coisa do 7, ou porque está perto dos 30...), resolvi publicar aqui uma lista dos principais ensinamentos nesses três anos e meio de sobrevivência convivência:

1. Leva-se apenas um dia pra entender que roupa social, chinelo e mochila combinam depois de chegar em casa com sete bolhas em cada pé porque insistiu em ficar ~de salto~ até no metrô.

2. Virar workaholic, cortar o cabelo e fazer uma tatuagem é como plantar árvore, escrever livro e fazer um filho. Nem todo mundo faz, mas estão aí implícitos no sistema.

3.  Padarias são templos. Encontrar uma sempre te aquieta a alma.

4. Os ônibus obedecem à Lei de Paretto: os 20% que conseguir pegar virão de 80% do seu  esforço.

5. O trânsito nunca está tão ruim que não possa piorar.

6. Ironia do destino é ir cantar num karaoke e gostar. E voltar.

7. No dia que você tirar o guarda-chuva da bolsa porque está pesando o ombro e há dias não chove, vai chover. Às 18h. :)

8. Pubs fazem parte da política de contingência do trânsito. Tem sempre um perto do trabalho e você não vai conseguir voltar dirigindo.

9.  A Augusta é o briefing do Apocalipse. E as filas dos fiéis são enormes. 

10. Na dúvida, peça pizza.

11. Nunca, jamais fique do lado esquerdo de qualquer lugar.

12. Visitas significam comer sanduíche no Mercadão e deixar dinheiros na 25, sem culpa. Você vai porque precisa acompanhar. 

13. Sua bolsa terá tudo o que precisa pra sobreviver, desde que haja luz, tomada e wi-fi.

14. O número de pessoas na sua frente na lista de reserva do restaurante é proporcional às horas que você está sem comer.

15. Não poder pagar com cartão é como não poder beber água.

16. Todas as pessoas vão perguntar primeiro o que você faz, depois o seu nome. E você vai achar estranho até fazer igual.

17. Seu carro torna-se um abrigo de guerra, dá pra passar dia e noite dentro. Se ainda não é, providencie.

18. A Vila Madalena aos domingos é a promessa de um mundo melhor.

19. O Ibirapuera vai te convidar a fazer planos de corrida, você vai desistir depois do primeiro sábado lotado e vai incrivelmente se reanimar depois de ver os preços das academias.

20. Você vai acabar pagando uma academia depois dos primeiros meses.

21. Festivais (SWU, Lolla, Terra, etc). Vá antes que seu eu-fresco te domine.

22. Segunda-feira é um bom dia pra sair. Aliás, todo dia é um bom dia pra sair. Só quem discorda disso é o seu bolso e seu chefe.

23. Ir ao cinema sozinho pode ser considerado uma atividade social.  

24. Os grupos de amigos são separados por categorias. Misturá-las seria um erro de mercado.

25. Comer com o garfo E a faca na mão não significa que você é mal-educado, apenas que está com pressa. Toda vez.

26. À noite, ver a cidade de cima é mais legal que o céu de baixo. 

27. Ninguém entende porque você reclama da cidade e não se muda. É que lugar nenhum consegue ser tão ordinariamente excepcional como São Paulo. 

Créditos: When you live in SP

16 de maio de 2013

Sem amor, por favor


Não sabiam o que era, mas de amor não se tratava. Tratavam mesmo de tudo aquilo que lhes interessava, da conversa boa, demorada, deitada em copos de cerveja e fotografias das viagens nunca feitas. Tratavam de um sexo ofegante, quimicamente destrutível, insaciável e incurável, como se não houvesse amanhã. Tratavam do trabalho com o maior dos caprichos, das oportunidades feitas a mão, de desvios e acertos, das dicas arriscadas de quem prova a primeira colher do pote de doce, só pra preencher o portfólio do ego. Tratavam das risadas soltas quando juntos, de procurar motivos bobos, revelando-se em cada um deles aquele sorriso de lado, uma covinha e um olhar sabido, de quem não precisa traduzir o que pensa. Tratavam de se dar bem, enganavam os mais desavisados, burlavam todas as regras, inclusive as próprias. Tratavam a sinceridade com a mais medíocre das verdades, emboladas num discurso econômico, em palavras contidas e mensagens de celular ignoradas. Francamente, DR não estava nos planos. Tratavam de se sobrepor a todo o momento, num xadrez imaginário de jogatinas. Cheque-mate.

Não sabiam o que era, mas de amor não se tratava. Ele, tratava de irritar. De fazer raiva, dar coceira com as piadas idiotas dos mesmos motivos bobos, antes revelados naqueles sorrisos de lado. Tratava de ser imbecil randomicamente, de encher a paciência com o gás do seu ego, tão inflado a ponto de não sobrar qualquer espaço na cama. Ela, tratava de confundir. De misturar as palavras, usando o não dito de camuflagem, com toda a licença poética do drama feminino. Tratava de ser neurótica quando menos poderia ou deveria. De inventar seu lugar no abraço dele, abraço esse que só existia no descanso da cama depois de mais uma noite dividida. E não por acaso desconfiavam tratar-se exatamente disso, de ter esgotado a reserva pra dois. Vai, pode deixar sua credencial aí na mesa mesmo e sair. Apego também não estava nos planos.

Não sabiam o que era, mas de amor não se tratava. Trataram, de repente, de se esquecer, trocados, simples como uma nota de 20 reais. Baratos como aquele humor oportuno dos sorrisos de lado disfarçados. Tratou de ignorá-lo com a leveza do seu desapego, de quem troca a cor do batom e engaveta aquele roxo gasto já sem graça. Nada com um vermelho novo e vivo, ou até um rosinha claro mais aconchegante, não importa, qualquer outro serviria para as noites de inverno. Tratou de conquistar quantas mais fossem, reafirmando seu posto de suposto comando, levantando a guarda e o que guardava por baixo da roupa. Aqui, meu bem, o que você perdeu, ó, tá vendo? Sinceramente, não. E insistência nunca esteve nos planos. Trataram de sumir.

Não sabiam o que era, mas de amor não se tratava. Trataram, um dia, de se reencontrar, jurando o menor dos apegos. Uma cerveja, pra ficar pensando melhor. Trataram de todos os assuntos corridos durante o vácuo da distância daqueles últimos meses. Ou foram anos? Não importa, parece que ninguém havia mexido naquela mesa com a credencial, ou mudado a posição dos pensamentos. Os mesmos motivos, os mesmos sorrisos de lado, os mesmos olhares sabidos e as mesmas jogatinas. Estavam todos lá, cobertos por um tempo empoeirado, mas ainda tão presentes. Trataram de pagar a conta e se apressar enquanto a noite os desafiava a dividirem o tesão, uma vez mais. Pelo bem de hoje. Vai meu bem, só por hoje, deixa a gente se tratar, eu quero te sentir. Sabe, mesmo que o amor não esteja nos nossos planos, você, assim, de corpo e alma leve, sempre esteve.

touché!
Nota: esta é uma crônica experimental, pra variar dos posts pessoais.

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