17 de agosto de 2012

De mais pra menos

Chico me fala coisas bonitas, exus me falam coisas bonitas, a mãe, o pai, o irmão, a tia, meu chefe me fala algumas coisas bonitas, a vida, ô, essa me fala coisas bonitas. Meu cachorro me late coisas bonitas. Meus cactos de mesa, acredite, me apontam coisas bonitas. Minha manicure e meu cabeleireiro adoram me falar coisas bonitas e até o garçom da padaria de hoje de manhã veio dizer das coisas bonitas. Meu espelho, às vezes a contragosto, me conta coisas bonitas. Meu diário me revela coisas bonitas e o futuro diz ter ainda um punhado delas. Meus amigos são putas veias no assunto de coisas bonitas.
E você, bem, você tasca a massa corrida no tijolo pra garantir um arroz com feijão na hora que a vontade bater. Mas perdoe-me, deve ter sido negligência minha não ter lhe contado sobre o efeito que há das coisas bonitas na gente que é assim, mulher. Ah, só pode ter sido isso. Alguém precisava te ajudar a fazer a lição de casa além de bater leite com pera. Mas não se preocupe não, que ainda é tempo.... de você achar esse alguém.


Nota: para um blog semiabandonado, um semiparágrafo. 

22 de fevereiro de 2012

Dia de Carnaval

Tem quem ame, venere, odeie ou despreze. Tem quem adapte o calendário e só pegue a senha do início do ano lá pro fim de fevereiro e quem gostaria de enforcar o feriado a olhos vendados. Gostando ou não do leleô, vamos admitir, é difícil passar ileso pelo Carnaval. Mas também é perdoável, no carnaval tudo se absolve, tudo se explica. Como em parênteses, sabe?

Diz a senhora Wikipedia o seguinte:

Um parêntese é uma palavra, expressão ou frase que se interpõe num texto para adicionar informação, normalmente explicativa, mas não essencial. A característica fundamental dos parênteses é não afetar a estrutura sintática do período em que é inserido.

Quer dizer, você tá lá começando o ano cheio das promessas, ondinhas puladas e aquela interminável lista to-do jurando que, nesse ano, a sua dignidade humana vai aumentar. Mas aí logo no segundo mês chega o capeta travestido de Carnaval e você entra lindamente na fila do pecado. Fica tranqs, amigo, que o inferno taí pra ser curtido e compartilhado. Não importa o tamanho ou alcance do seu feito, quando você contar ele será excepcionalmente inserido em parênteses (era carnaval...) e todo mundo vai poder respirar aliviado na mesa de jantar, passando a salada adiante na mais perfeita normalidade. Porque né, já que a intenção é “não afetar a estrutura sintática do período em que é inserido” pode-se dizer que esses quatro dias vêm embalados a vácuo. Tá todo mundo ali dentro sem espaço, se esbarrando, se misturando, se acabando, se lascando. Mas tudo explicado e chancelado pela regalia do parênteses carnavalesco. Então, querido, se você vestiu a fantasia da vergonha, não se acanhe. Era carnaval.

Claro, há consequências. Humanas, até. Afinal se eu tô aqui batendo meus dedos nas teclinhas do computador, é porque meus queridos progenitores um dia se encontraram no carnaval e foram felizes para sempre. Uma simples amostra da provável existência de vários baby-boomers-geração-fevereiro esquentando o capitalismo do século XXI. Mas vamos deixar o erro de controle de natalidade pra lá. Fato é que a parte do felizes para sempre pode ter um prazo bem mais reduzido, afinal um parêntese “adiciona informação, normalmente explicativa, mas não essencial.” Ou seja, seu parêntese pode até ter sido uma boa atuação, mas talvez acabe ali mesmo. A possibilidade de virar parágrafo  vai depender dos detalhes ali dentro.
E da vontade em querer explicar mais...

Veja bem, até o título deveria estar seguido de parênteses (autorais).



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